O RN tem a gasolina mais cara do Brasil, mas por quê?

Os potiguares pagam a gasolina mais cara do Brasil. O valor praticado pela 3R Petroleum no Rio Grande do Norte está 27% acima do preço da Petrobras, aponta levantamento do Observatório Social do Petróleo. A diferença passou a ser sentida desde a privatização da Refinaria Potiguar Clara Camarão (RPCC), iniciada no governo de Jair Bolsonaro e concluída em junho deste ano, e levou a Assembleia Legislativa do Estado a pedir explicações à recordista dos preços mais altos do país. A reunião está marcada para o próximo dia 24 de agosto.

Em entrevista à Agência Saiba Mais, o coordenador geral do Sindicato dos Petroleiros e Petroleiras do RN (Sindipetro/RN), Ivis Corsino, explicou como o processo de venda dos ativos e a privatização da refinaria gera diferenças tão altas nos preços dos combustíveis comercializados pela 3R.

O Brasil é a única economia do mundo que possui um sistema integrado de produção de petróleo. Nós exploramos, produzimos, refinamos, distribuímos e comercializamos”.

Ivis Corsino, coordenardor geral do Sindipetro/RN

No Rio Grande do Norte, essa integração passou a ser gradualmente desmantelada com a alienação de diferentes ativos para empresas privadas.

“Esse sistema integrado se quebra”.

O processo, resultado da estratégia adotada pela Petrobras durante o governo de Jair Bolsonaro, que buscava reduzir drasticamente a presença da empresa na região Nordeste, acarretou a perda da capacidade que a estatal tinha antes de conter o aumento dos preços dos produtos e sua variação atrelada ao mercado internacional.

Dessa forma, Ivis destaca que hoje “temos uma refinaria que cria o que nós chamamos de uma área de sombra. Ou seja, há uma parcela do território do Rio Grande do Norte, e o estado está em grande parte dentro dessa área de sombra, em que é viável comprar combustível somente na Refinaria Clara Camarão, e como só existe ela para comercializar os derivados, ela pratica o preço que acha que deve aplicar”.

Atualmente, a refinaria adotou a política de “preço de paridade de importação“, que espelha as flutuações do mercado internacional. Enquanto isso, em alguns estados vizinhos, a Petrobras tomou uma direção oposta, usando o custo de produção como base para a determinação dos preços.

Do ponto de vista da geração do lucro, a empresa pode até estar correta, porém, para o povo potiguar é um ônus que se paga pela estratégia de um produtor”.

Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil

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