RN fecha 2021 com saldo de 32,2 mil novas vagas de carteira assinada criadas

Apesar do saldo positivo no ano, em dezembro RN perdeu 967 vagas

Cláudio Oliveira

Repórter

O Rio Grande do Norte criou 32.204 vagas de emprego formal no ano de 2021. Foram 190.640 admissões ao longo do ano, e 158.436 desligamentos registrados. O resultado representa um salto quando se compara a 2020, que fechou com saldo acumulado negativo (-3.179). Apesar do bom desempenho, o mês de dezembro foi o segundo pior do ano com mais demissões (13.661) do que formalizações de contratos (12.694), e um saldo negativo de 967 vagas. Os dados estão no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado nesta segunda-feira (31) pelo Ministério do Trabalho e Previdência.

O Estado segue o mesmo ritmo do País, que perdeu 265.811 vagas de emprego com carteira assinada no mês de dezembro, mas no acumulado do ano apresenta saldo de 2.730.597 postos de trabalho. Foram 20.699.802 admissões e 17.969.205 desligamentos no Brasil em 2021. Já no Rio Grande do Norte as empresas contrataram 190.640 trabalhadores e desligaram outros 158.436 dos seus quadros, gerando um saldo de  32.204 vagas. O RN foi o sexto do Nordeste que mais criou empregos no ano, ficando atrás da Bahia (133.779), Pernambuco (89.697), Ceará (81.460), Maranhão (40.605), Paraíba (32.970) e à frente do Piauí (20.688), Alagoas (29.219) e Sergipe (13.956).

O perfil predominante entre os 32 mil trabalhadores potiguares que  ocupam as vagas de trabalho em 2021 tem faixa etária entre 18 e 24 anos (18.329), com ensino médio completo (25.271) e está na área de venda do comércio em lojas e mercados (11.436) ou em serviços administrativos (6.534). Os homens são maioria (19.166).

Isso acontece porque as oportunidades do mercado de trabalho vieram do setor de serviços, que criou 14.807 vagas. O setor também é responsável pelo maior estoque de empregos formais, que é a quantidade total de vínculos celetistas ativos e que até dezembro estava em 213.260 dentro do estoque do estado, que é de  456.24. Ao longo de todo o ano, este setor mostrou bom desempenho, até mesmo no mês de abril quando todos os outros negativaram.Na mesma linha, o comércio impulsionou a criação de empregos no ano passado com um saldo de 7.964, com 46.706 admissões e 38.741 desligamentos e um estoque de 121.737 postos. Juntos, comércio e serviços englobam mais de 73% do estoque de empregos do Estado.

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio/RN) avaliou que o resultado do ano passado conseguiu reverter, com folga, o déficit de vagas criado entre os anos de 2015 e 2020. No acumulado destes anos, o RN registrava -17.110 vagas. Com o número de 2021, o Estado passa a computar um saldo positivo de 20,4 mil empregos. “Este recorte reforça que, enquanto 2020 teve predominância do atacado, 2021 marcou a retomada do varejo como locomotiva do emprego, graças à reabertura da economia”, pontou o presidente da entidade, Marcelo Queiroz.

No setor de Serviços, o grande destaque ficou por conta dos segmentos de Alojamento e Alimentação, que abriram 3.470 novas vagas na esteira da retomada da economia dentro do contexto da pandemia da covid-19, sobretudo dos segmentos de hotéis, bares e restaurantes; Saúde, com 2.234 empregos a mais, também impulsionado pela demanda da pandemia; e Educação, registrando 1.102 postos a mais.

Marcelo Queiroz, comemorou os números, mas alertou sobre fatores que podem influenciar esse resultado. “Em 2020, tivemos um ano perdido do ponto de vista de novas vagas, ou seja, no ano passado, havia uma demanda reprimida do mercado pelo reaquecimento de algumas atividades e a necessidade de novas contratações. Além disso, também houve algumas vagas criadas sob demanda da pandemia, como na área de saúde”, detalhou ele.

Industria e construção

A Indústria potiguar oscilou na geração de empregos ao longo do ano, chegando ao pico de 2.582 em agosto. Quando considerado o ano inteiro, o saldo de empregos no setor fica em 5.669 (27.558 admissões e  21.889 desligamentos).

A economista da Federação das Indústrias do rio Grande do Norte (Fiern), Sandra Lúcia Cavalcanti, explica que quando se compara a 2020 percebe-se a recuperação da atividade. “Tivemos o segmento de confecção que se mostrou na liderando, apesar do segmento têxtil estar sendo impactado pelo custo da energia elétrica. Outro destaque interessante é a cadeia de petróleo e gás que, ao passar para a iniciativa privada, gerou mais emprego, especialmente nas atividades de apoio à indústria do petróleo, além da indústria de alimentos, que também gerou empregos ao longo do ano”, relatou a economista.

Ela relembra ainda que, apesar de estarem descritos separadamente no Caged, a construção civil também integra o setor industrial e teve um crescimento consistente em 2021. As atividades de construção criaram 3.158 vagas (27.180 admissões e 24.022 desligamentos) e chegaram ao pico de 2.582 em agosto. 
Segundo a diretora executiva do Sindicato da Construção Civil (Sinduscon/RN), Ana Adalgisa Dias, esse comportamento vem sendo observado pelos representantes do setor desde o ano passado.

“A construção vinha perdendo postos de trabalho desde o auge do setor imobiliário com as obras da copa, o programa Minha Casa Minha Vida. Chegamos a ter quase 40 mil empregos simultâneos no estado e hoje esse número gira em torno de 22 mil. Vemos que já há uma recuperação com obras de infra-estrutura acontecendo e a gente acredita que, com o novo Plano Diretor de Natal e os de outros municípios que estão revisando os seus, venham mais lançamentos e, conseqüentemente, mais empregos”, avaliou a diretora do Sinduscon/RN.

Enquanto isso, a agropecuária potiguar foi o setor que teve o menor saldo de 2021, ficando em 605 postos de trabalho. Foram criadas 12.357 vagas na área, mas 11.752 foram fechadas. O ano não foi fácil para o setor,  que apresentou saldo negativo na geração de emprego nos primeiros quatro meses, com uma grande melhora entre maio e setembro, mas despencando novamente nos três últimos meses do ano.

Dezembro fecha com saldo negativo

Quando se observa somente o mês de dezembro, o saldo de empregos divulgado pelo Caged foi negativo no país em quatro dos cinco grupamentos de atividade econômica analisados. O único a apresentar saldo positivo no Brasil (9.013 vagas) foi o de comércio; reparação de veículos automotores e motocicletas. No Rio Grande do Norte, a situação foi um pouco melhor, já que, além do comércio (418), o setor de serviços (330) também teve resultado positivo no mês. Porém, mesmo juntos, não conseguiram salvar o mês de dezembro, que tombou de 2.676 em novembro para -967.

Apesar do acumulado do ano ter sido positivo, o Caged aponta que os números do emprego no RN vêm caindo discretamente desde agosto, quando foram criadas 7.153 vagas que se reduziram para 6.273 em setembro, 3.554 em outubro, 2.673 em novembro até os chegar aos  967 a menos em dezembro. O saldo só não é pior do que o do mês de abril (-1.097) e o do mês de dezembro de 2020 (-1985).

Em dezembro, a maior queda ficou para a agropecuária que perdeu 914 vagas. Na indústria houve queda de 198 com1.371 admissões e 1.569 desligamentos. Sandra Lúcia Cavalcanti, economista da Fiern, explica que esse resultado negativo costuma ser esperado para o mês de dezembro. “É o mês em que as empresas concluíram suas encomendas, as máquinas seguem para manutenção e a tendência é que dezembro normalmente seja negativo. Mas isso não significa que é preocupante, até porque se for comparar o balanço do ano com 2020 o resultado é muito interessante”, frisou. Em 2020 o saldo foi negativo em 990 vagas na indústria. Um ano depois, esse número subiu para 5.669.

A construção civil também fechou em baixa em dezembro com 1.564 admissões e 2.167 desligamentos (-2,07%). “Perdeu 603 postos de trabalho, mas o mês de dezembro historicamente decai porque o pessoal demite, já que é o período de fechando ciclo em algumas atividades. Sabendo que é comum, a gente vai aguardar esse mês de janeiro porque, ao analisar o ano todo, vemos que não foi negativo”, pontuou Ana Adalgisa Dias, diretora executiva do Sinduscon/RN.

BOX

Ranking empregos no Nordeste (2021):

Bahia: 133.779

Pernambuco: 89.697

Ceará: 81.460

Maranhão: 40.605

Paraíba: 32.970

Rio Grande do Norte: 32.204

Piauí: 20.688

Alagoas: 29.219

Sergipe: 13.956

Histórico saldo empregos RN (2021)

janeiro: 1.807

fevereiro: 1.538

março: 1.221

abril: -1.097

maio: 1.595

junho: 4.597

julho: 3.854

agosto: 7.153

setembro: 6.273

outubro: 3.554

novembro: 2.676

dezembro: -967

Fonte: Caged/Ministério da Economia

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