Na pandemia, RN tem saldo de 27,4 mil novas empresas

De acordo com dados da Fecomércio, o RN fechou o período de janeiro de 2020 a julho deste ano com um saldo positivo de 27.445 novas empresas ativas. Créditos: Adriano Abreu

Cláudio Oliveira
Repórter

Tornou-se mais frequente se deparar com estabelecimentos que fecharam as portas nas grandes avenidas e bairros comerciais. Este movimento, que já vinha acontecendo na última década, se intensificou com a pandemia, mas graças ao vertiginoso crescimento dos pequenos e médios negócios, o Rio Grande do Norte registra um salto positivo de 27.445 novas empresas ativas. No período de janeiro de 2020 e julho deste ano, ao passo que, entre as empresas de maior porte (aquelas com faturamento acima de R$ 4,8 milhões/ano) houve o fechamento de 9.869 estabelecimentos, no grupo formado pelos Microempreendedores Individuais, Microempresas e Empresas de Pequeno Porte o saldo foi positivo e alcançou 37.314 novos negócios abertos durante a pandemia.

Os números estão no levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio/RN)que cruzou informações da Receita Federal, Junta Comercial do RN (Jucern), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística  (IBGE) e Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) para mostrar o impacto da pandemia da covid-19 nos perfis dos negócios em todo Estado.

O setor de Serviços teve o maior impacto do período, com mais de 19,4 mil empresas fechadas no RN, mais que o dobro do segmento de Comércio, onde cerca de 9 mil empresas deixaram de existir, considerando o universo de pequenos negócios. As microempresas fecharam em maior quantidade do que as de pequeno porte. Foram 6.369 contra 538, desde o início da crise sanitária. “Um dado interessante é que o segmento de Serviços também foi o que mais abriu novas empresas. Foram 29.138, representando cerca de 53% do total”, destacou o presidente da Fecomércio RN, Marcelo Queiroz. O comércio abriu 20.586 empresas na pandemia.

Apesar do alto número de empreendimentos fechados, com a quantidade dos que abriram o setor permaneceu em alta. “Verificarmos um saldo positivo de quase 10 mil novas empresas no segmento de Serviços, o que mostra que a economia permaneceu em movimento, muito apoiado pela resiliência da classe empresarial”, destacou Queiroz. O saldo do comércio, entre aberturas e fechamentos, foi de 11.685 novas empresas abertas. De acordo com a Fecomércio, o perfil dos negócios vem se moldando e boa parte das empresas que fecharam alimentaram a migração para negócios de menor porte, sejam eles na área de serviços ou comércio.


Prova disso, é que o volume de serviços no RN cresceu 4,2% no último mês  de junho, superior à média do Brasil (1,7%), de acordo com a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Na comparação com o mesmo mês de 2020 foi o melhor resultado para o Estado desde o início da pesquisa, em 2012, chegando a 29,9%.

O único indicador do setor de serviços potiguar que continua negativo é o acumulado dos últimos 12 meses: – 6,7%. Somente Sergipe (- 8,4%) teve desempenho inferior ao do Rio Grande do Norte nesse período. Outras 11 unidades da federação também permanecem com números negativos.

Já o comércio varejista também se destacou em junho, superando, pela primeira vez em 2021, o nível de atividade registrado em fevereiro de 2020, último mês livre da influência da pandemia. O volume de vendas cresceu 1,4% na comparação com maio e no acumulado do ano, o comércio varejista acumula 5,5% de crescimento em comparação ao mesmo período do ano passado. Nessa mesma comparação, a média do Brasil (6,7%) é levemente superior. 

A Fecomércio prevê que o bom desempenho do setor deve continuar neste semestre com o impulso de datas importantes para as vendas, como a da Liquida Natal, do Dia das Crianças, da Black Friday e do Natal. “Como um todo, aposto em um crescimento geral de vendas este ano que deve ficar entre 5% e 10% sobre 2020”, estima Marcelo Queiroz.

Abertura de MEIs dispara durante pandemia
O grande destaque do levantamento da Fecomércio fica por conta dos MEIs (Microempreendedores Individuais), cujo balanço mostra um saldo de 33.997 novos negócios. Entre 2020 e 2021 foram abertos 47.221 cadastros e encerrados 13.224.

Para o presidente da Fecomércio RN, Marcelo Queiroz, o movimento simultâneo de fechamento de empresas de maior porte e crescimento do número de MEIs, que não podem ultrapassar o faturamento anual de R$ 81 mil, se deve à necessidade das pessoas precisarem manter alguma renda no cenário de extrema dificuldade que levou ao fechamento de empresas maiores. “Aquelas pessoas que perderam seus empregos nas empresas maiores partiram para empreender, seja como motorista de aplicativo, vendendo lanches, peças de roupa ou manufaturados, por exemplo. Em resumo, com a retração dos empregos, as pessoas precisaram se reinventar”, afirmou.

Cadastrados como MEIs, os empreendedores permanecem formalizados, contribuindo com a Previdência (e tendo direito a alguns benefícios previdenciários), além de garantirem a dispensa de emissão de nota fiscal para consumidor pessoa física e de pagamentos de alvarás e licenças de funcionamento; e poderem fornecer para o Governo.

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