Mais uma jogada eleitoreira

Na tentativa de eleger o maior número de prefeitos nas eleições deste ano, o petista mudou o discurso em relação ao projeto de desoneração da folha para municípios com até 167 mil habitantes.

Uma semana após explorar politicamente a tragédia do Rio Grande do Sul, nomeando Paulo Pimenta, pré-candidato a governador do Estado em 2026, como ministro da Reconstrução, o presidente Lula transformou, ontem, a Marcha dos Prefeitos, em Brasília, em palanque eleitoral.

Na tentativa de eleger o maior número de prefeitos nas eleições deste ano, o petista mudou o discurso em relação ao projeto de desoneração da folha para municípios com até 167 mil habitantes. Se lá atrás a taxação da contribuição de 20% – e não 8% – para o recolhimento da contribuição previdenciária seria imprescindível para a União, passou a não ser mais desde ontem.

Diante de um batalhão de prefeitos, Lula abandonou a retórica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que chegou a trombar com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, por este ter ficado ao lado dos municípios, e defendeu pressa na aprovação do projeto de desoneração no modelo que atende aos prefeitos.

No ano passado, quando foi cobrado sobre o assunto, para não contrariar o ministro da Fazenda, Lula disse: “Não podemos fazer apenas desoneração sem dar contrapartida aos trabalhadores, eles precisam ganhar alguma coisa. A empresa deixa de contribuir sobre a folha e o trabalhador ganha o quê? Não tem nada escrito [na lei] que ele vai ganhar R$ 1 a mais no seu salário”.

Já ontem, numa postura eleitoreira e oportunista, afirmou diante dos prefeitos: “É preciso que haja urgência na votação no Senado da desoneração dos municípios com até 156 mil habitantes para que os prefeitos não sejam pegos de surpresa”. Trata-se de uma mudança radical, mas com viés eleitoreiro: Lula quer eleger o maior número de prefeitos nas eleições deste ano.

Vaia estrondosa – O presidente Lula se deu mal na Marcha dos Prefeitos. Levou uma estrondosa vaia quando foi anunciado no palco na cerimônia. As vaias foram dadas por alguns prefeitos que estavam na plateia. Em contraposição, a outra parte do público tentou abafar a manifestação com gritos efusivos em apoio ao petista. Em seu discurso, Lula não citou as vaias. Ele afirmou que o Brasil vive um novo momento, de “civilidade” entre todos os entes públicos, e agradeceu o “respeito” e “carinho” com que foi tratado no evento.

Defesa de Lula – Em seu discurso de abertura, o presidente da CNM (Confederação Nacional de Municípios), Paulo Ziulkoski, pediu respeito às autoridades e que não houvesse vaias. Ele também fez elogios ao governo federal, especialmente ao ministro Haddad. “Temos que primar pelo respeito às nossas autoridades. Não estamos aqui para disputa de direita, de centro e de esquerda. Aqui estão os municípios do Brasil representados pelos prefeitos e prefeitas. Peço encarecidamente ao plenário para que aqui não haja vaias”, apelou.

Aumento escalonado – O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), será o relator de uma proposta que mantém a desoneração dos 17 setores da economia e deve manter a desoneração da folha de pagamento das cidades em 2024. Hoje, os municípios pagam uma alíquota reduzida de 8% sobre a folha de pagamento dos funcionários municipais. A ideia é que a reoneração aconteça de forma escalonada a partir de 2025, como deve ser feito com os 17 setores da economia. Antes, a alíquota era de 20%.

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